I’m back…

Em 2009 comecei um blog que acabei tirando do ar. Na abertura, usei uma frase da escritora canadense/britânica Rachel Cusk. Cusk viveu boa parte da vida em Los Angeles, estudou literatura em Cambridge, escreveu 11 romances e em 2003 entrou na lista dos 20 melhores jovens romancistas britânicos. Este semestre, procurando um novo tema de pesquisa, acabei esbarrando em uma coisa chamada “auto-ficção”, da qual Cusk é um dos expoentes, ao lado escritor norueguês Karl OveKnausgard, e também do cubano  Guillermo Cabrera Infante e da catalã Esther Tusquets.

A frase é : “41, the age when a life comes out of its own past like something out of a mold; and either it is solid, all of a piece, or it fails to hold its shape and disintegrates”. Na época, e ainda hoje, me atinge como um piano na cabeça.  É de “The Bradshaw Variations”, e diz mais ou menos isso: “41, a idade em que a vida sai de seu próprio passado, como algo que é extraído de uma forma; e das duas uma:  ou é concreto e íntegro – ou não é capaz de sustentar seus contornos e se desintegra”. Na época, eu queria  retomar a escrita e precisava dar uma guinada na vida. Bom, ainda não escrevo tanto quanto gostaria, e não sei se dei alguma guinada.

Se meu bolinho de areia saiu da forminha abstrato e dadaísta aos 41, aos 52 nem sei se levei forminha para a praia. Ou se fui para a praia, ou se tinha praia na praia…. A sensação permanente de estar com a roupa errada-muito arrumada, pouco arrumada- passou. Como dizia meu amigo Jarson Frank, “jornalista está sempre bem vestido”.  Tradução: a gente não precisa se adequar aos códigos de vestir.

O que eu achava ser meu último carregamento de pó de pirlimpimpim não era. Não sei se não era Pirlimpimpim ou se não era o último, escrevo sobre isto em uns 10 anos. No momento  acho que sem algumas telhas corridas, remédios controlados, álcool e algumas drogas não há como olhar para fora – para este e outros governos de extrema direita, a cara de pau do Moro, a falta de vacina na África- e não querer sumir.

Ainda não sei como fui me transformar nesta pessoa que tem um faqueiro e copos de licor, mas já coloquei o faqueiro em uso. Quase posso mandar tudo à merda (as meninas cresceram), mas sou reprimida demais para fazer isto. É mais provável que eu simplesmente saia à francesa. E, sim, é intricada a arte de achar o equilíbrio entre estar vivo de verdade, pagar muitos boletos e colocar Elephant Gun (ou Eva, aquela do nosso amor na última astronave) no volume máximo.

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